quarta-feira, 27 de junho de 2007

A nova escravatura II - Tailândia: Porque ela parece uma criança

Kevin Bales
Gente descartável
Lisboa, Editorial Caminho, 2001
(excertos adaptados)


Tailândia
Porque ela parece uma criança


Quando Siri acorda é perto do meio-dia

No momento em que acorda, ela sabe exactamente quem e o quê passou a ser. Como me explicou, a dor nos genitais fá-la recordar os quinze homens com quem teve sexo na noite anterior. Siri (os nomes foram mudados) tem quinze anos. Vendida pelos pais um ano antes, a sua resistência e o seu desejo de fugir do bordel estão a fraquejar, substituídas pela aceitação e a resignação.
Na cidade provincial de Ubon Ratchitani, no Nordeste da Tailândia, Siri trabalha e vive num bordel. Cerca de dez bordéis e bares, edifícios degradados e sujos, alinham-se ao longo da rua, mesmo ao virar da esquina de uma alameda comercial de estilo ocidental. Há vendedores de comida espalhados entre os bordéis. A mulher que está por trás das tendas de talharim fora do bordel onde Siri trabalha é também espia, carcereira, cão de guarda, alcoviteira, para Siri e para as outras vinte e quatro raparigas e mulheres do bordel.
O bordel está rodeado por um muro com portões de ferro para a rua. Dentro do muro há um pátio poeirento, uma mesa de piquenique em cimento, e a ubíqua casa do espírito, pequeno templo no exterior de todos os edifícios tailandeses. Uma porta baixa leva a uma sala de cimento sem janelas, impregnada do cheiro a tabaco, cerveja choca e suor. É a sala de «selecção» (hong du). A um lado da sala há cabinas e mesas enferrujadas; no outro lado há uma estreita plataforma elevada com um banco a todo o comprimento da sala. Focos de luz apontam para o banco, e à noite as raparigas e as mulheres sentam-se ali sob o clarão, enquanto os homens sentados às mesas bebem e escolhem aquela que querem.
Passando por uma porta, no extremo do banco, o homem segue a rapariga até à janela onde um caixeiro recebe o dinheiro e regista qual a rapariga que ele leva. Dali é conduzido ao quarto da rapariga. Por trás da sala dianteira de cimento, o bordel degenera ainda mais num barracão dividido em minúsculos cubículos onde as raparigas vivem e trabalham. Uma escada improvisada sobe para aquilo que pode ter sido em tempos um celeiro. O nível mais alto está agora guarnecido de portas, afastadas cerca de cinco pés umas das outras, que abrem para quartos de cerca de metro e meio por dois metros e vinte, onde cabe uma cama e pouco mais. Pedaços de madeira e de cartão separam os quartos uns dos outros, e Siri forrou as suas paredes com quadros e cartazes de jovens estrelas pop recortadas de revistas. Por cima da sua cama, como na maior parte dos quartos, está também pendurado o retrato do rei da Tailândia; uma simples lâmpada pende do tecto. Ao lado da cama há uma grande lata com água; há um gancho ao lado para roupas e toalhas. Aos pés da cama, junto à porta, há algumas roupas dobradas sobre uma saliência. As paredes são muito finas e houve-se tudo dos quartos vizinhos: um grito do guarda-livros ecoa por todos eles, estejam as portas abertas ou fechadas.
Depois de se levantar ao meio-dia, Siri lava-se com água fria da única tina de cimento que serve as vinte e cinco mulheres do bordel. Depois, vestindo uma t-shirt e uma saia, vai à tenda de talharim para a sopa quente, que é o pequeno-almoço tailandês.
Por volta das cinco horas, Siri e as outras raparigas são mandadas vestir, pintarem-se e prepararem-se para o trabalho da noite. Por volta das sete os homens começam a entrar, a comprar bebidas e a escolher raparigas, e Siri terá sido escolhida por um ou dois dos dez até dezoito homens que a comprarão nessa noite. Muitos homens escolhem Siri porque ela parece muito mais nova do que os seus quinze anos. Franzina e de rosto arredondado, vestida para acentuar a sua juventude, poderia ler onze ou doze anos. Porque parece uma criança, pode ser vendida como uma «nova» rapariga e a um preço mais alto, cerca de 15 dólares, o que é mais do dobro do cobrado pelas outras.
Siri tem muito medo de apanhar sida. Muito antes de compreender a prostituição, ela já sabia do HIV, pois muitas raparigas da sua aldeia voltavam para casa para morrer de sida depois de terem sido vendidas para bordéis. Todos os dias ela reza a Buda, tentando ganhar o mérito que a preserve da doença. Tenta também insistir com os clientes para que usem preservativos, e em muitos casos consegue-o porque o proxeneta a apoia. Mas quando os polícias se servem dela, ou o próprio proxeneta, fazem como lhes apetece; se ela tenta insistir, é espancada e violada. Receia também a gravidez, e tal como as outras raparigas apanha injecções da droga contraceptiva Depo-Provera. Uma vez por mês faz um teste de HIV, e até agora tem sido negativo. Sabe que se o teste for positivo será expulsa do bordel para morrer à fome.
Embora tenha apenas quinze anos, Siri está resignada a ser prostituta. Depois de ter sido vendida e levada para o bordel, descobriu que o trabalho não era aquilo que ela pensava que fosse. Como muitos tailandeses rurais, Siri teve uma infância protegida e ignorava o que seria trabalhar num bordel. O primeiro cliente magoou-a, e ela na primeira oportunidade fugiu. Na rua, sem dinheiro, foi rapidamente apanhada, arrastada, espancada e violada. Nessa noite foi forçada a receber uma cadeia de clientes até de madrugada. Os espancamentos e o trabalho continuavam noite após noite até que ela quebrou. Agora tem a certeza de que é uma má pessoa, muito má, para ter merecido aquilo que lhe aconteceu. Quando eu lhe disse como era bonita numa fotografia, como uma estrela pop, respondeu «não sou uma estrela; sou apenas uma puta, e mais nada». Faz o melhor que pode. Tem orgulho no seu preço mais elevado, e no grande número de homens que a escolhem. E a adaptação ao campo de concentração, um esforço para dar sentido ao horror. A prostituição é ilegal na Tailândia, mas raparigas como Siri são vendidas para a escravatura sexual aos milhares. Os bordéis que têm estas raparigas são apenas uma pequena parte de uma indústria do sexo muito mais vasta. Como pode este comércio grossista de raparigas continuar? O que é que o mantém em funcionamento? A resposta é mais complexa do que se poderia pensar; o boom económico da Tailândia, a sua cultura machista, e a sua aceitação social da prostituição, tudo contribui para isso. Dinheiro, cultura e sociedade misturam-se de modos poderosos para escravizar raparigas como Siri.


Uma rapariga vale um televisor
O boom económico dos últimos vinte anos (que falhou em 1997) teve um impacte dramático nas aldeias do Norte. Enquanto o centro do país, em volta de Banguecoque, se industrializou rapidamente, o norte foi deixado para trás. Os preços da alimentação, da terra, dos instrumentos, tudo subiu à medida que a economia crescia, mas a remuneração pelo cultivo do arroz e outras actividades agrícolas estagnaram, mantendo-se baixos pelas políticas do governo que garantiam alimentação barata para os operários de Banguecoque. É visível por toda a parte no Norte uma onda da bens de consumo — frigoríficos, televisores, automóveis e camiões, fogões, aparelhos de ar condicionado —, todos extremamente tentadores. A procura desses bens é grande, porque as famílias querem juntar-se às fileiras dos prósperos. Acontece que o custo de participar nesse boom consumista pode alcançar-se através de uma velha fonte, uma que já se tornou muito mais lucrativa: a venda dos filhos.
No passado, as filhas eram vendidas para responder a uma séria crise financeira da família. Sob a ameaça de perderem os seus campos de arroz hipotecados e para fazer face ao desamparo, uma família podia vender uma filha para redimir a sua dívida, mas a maior parte das filhas valiam mais ou menos tanto em casa como trabalhadoras, como renderiam quando vendidas. A modernização e o crescimento económico alteraram tudo isso. Hoje os pais sentem uma grande pressão para comprar bens de consumo que eram desconhecidos ainda há vinte anos; a venda de uma filha pode facilmente financiar a compra de um novo televisor. Um estudo recente nas províncias do Norte descobriu que, das famílias que venderam as suas filhas, dois terços podiam não o ter feito, mas «preferiram comprar televisores a cores e equipamento vídeo». E da perspectiva dos pais que desejam vender os filhos, nunca houve melhor mercado.
A procura de prostitutas pelos bordéis cresce rapidamente. O mesmo boom económico que alimenta a procura do consumo guarnece os bolsos dos agricultores e operários da planície central. Os migrantes pobres dos campos de arroz trabalham agora na construção ou em novas fábricas, ganhando muito mais do que ganhavam na terra. Talvez pela primeira vez nas suas vidas, esses lavradores podem fazer aquilo que os homens tai mais abastados sempre fizeram: ir a um bordel. O poder de compra desse crescente número de utilizadores dos bordéis reforça a procura de raparigas do Norte e sustenta um crescente negócio de proxenetismo e tráfico de raparigas.
A história de Siri era típica. Uma intermediária, ela própria mulher de uma aldeia do Norte, abordava as famílias na aldeia de Siri com garantias de trabalho bem pago para as suas filhas. Os pais de Siri provavelmente compreenderam que o trabalho seria como prostituta — pois sabiam que outras raparigas da aldeia tinham ido para bordéis no sul. Após algumas negociações receberam 50 000 baht (2000 dólares) por Siri, soma muito importante para esta família de cultivadores de arroz. Esta troca iniciou o processo de servidão por dívida usado para escravizar as raparigas. O acordo contratual entre a intermediária e os pais exige que esse dinheiro seja reembolsado pelo trabalho da filha antes que ela fique livre para partir ou lhe seja permitido enviar dinheiro para casa. Por vezes o dinheiro é considerado como um empréstimo aos pais, sendo a rapariga simultaneamente a garantia e o meio de reembolso. Em alguns casos, o juro exorbitante cobrado pelo empréstimo significa que há poucas hipóteses de que a escravidão sexual de uma rapariga consiga alguma vez pagar a dívida.
A dívida de 50 000 baht de Siri aumentou rapidamente. Levada para o sul pela intermediária, Siri foi vendida por 100 000 baht ao bordel onde agora trabalha. Depois da violação e do espancamento, Siri foi informada de que a dívida que tinha de pagar, agora ao bordel, era de 200 000 baht. Além disso, Siri ficou a saber de outros pagamentos que tinha de fazer, incluindo a renda do quarto a 30 000 baht por mês, bem como os gastos em comida e bebidas, taxas para medicamentos e multas se não trabalhasse o suficiente ou desagradasse a um cliente.
A dívida total é virtualmente impossível de pagar, mesmo à elevada taxa de 400 baht de Siri. Cerca de 100 baht de cada cliente deviam ser creditados a Siri para reduzir a sua dívida e pagar a renda e outras despesas; 200 vão para o proxeneta e os restantes 100 para o bordel. Por estes cálculos, dever praticar sexo com 300 homens por mês só para pagar a renda, e aquilo que sobra depois das outras despesas mal dá para reduzir a sua dívida inicial. Para as raparigas que só podem cobrar entre 100 e 200 baht por cliente, a dívida cresce ainda mais depressa. Esta servidão por dívida mantém as raparigas sob o completo controlo durante tanto tempo quanto o bordel e o proxeneta acham que vale a pena tê-las. A violência reforça o controlo, e qualquer resistência vale um espancamento e um aumento da dívida. Com o tempo, se a rapariga se torna uma boa e colaborante prostituta, o proxeneta pode dizer-lhe que pagou a sua dívida e autorizá-la a enviar pequenas somas para casa. Esta «remissão» da dívida não tem em geral nada a ver uma real contagem das receitas, mas é declarada à discrição do proxeneta, como forma de aumentar os lucros a obter, tornando a rapariga mais dócil. Juntamente com as raras visitas a casa, o dinheiro enviado à família serve para mantê-la no seu trabalho.
Segundo a minha própria estimativa moderada, há talvez umas 35 000 raparigas como Siri escravizadas na Tailândia. E este número é apenas uma pequena proporção de todas as prostitutas. O número real de prostitutas, embora desconhecido, é certamente muito mais elevado. O governo afirma que há 81 384 prostitutas na Tailândia — mas este número oficial é calculado a partir do número de bordéis (embora ainda ilegais), salões de massagens e estabelecimentos sexuais registados. Nenhum dos bordéis, bares ou salões de massagens que visitámos na Tailândia estava registado, e ninguém que trabalhe com prostitutas acredita nos números do governo. No outro extremo do espectro estão as estimativas apresentadas pelas organizações de activistas como o Centro para Protecção dos Direitos das Crianças. Esses grupos afirmam que existem no país mais de dois milhões de prostitutas. Suspeito de que este número é demasiado elevado numa população de 60 milhões. O meu próprio cálculo, baseado em informação recolhida pelos activistas da SIDA em diferentes cidades, é que existem entre meio milhão e um milhão de prostitutas.
Para a maioria dos homens tailandeses, o sexo comercial é uma forma legítima de entretenimento e de alívio sexual. Não é apenas aceitável: é uma clara afirmação de estatuto e de poder económico. As mulheres na Tailândia são coisas, instrumentos num jogo masculino de estatuto e de prestígio. Não é pois de surpreender que algumas mulheres sejam tratadas como gado — raptadas, vítimas de abusos, mantidas como animais, compradas e vendidas, e largadas quando deixam de ser úteis. Quando este tratamento habitual se combina com a inexorável busca do lucro da nova economia, o resultado é horrível para as mulheres. É preciso encontrar mais uns milhares para alimentar as necessidades de estatuto dos homens, mais uns milhares devem ser presas na escravatura sexual para alimentar os lucros dos investidores. E que estão a fazer a polícia, o governo, e as autoridades locais quanto à escravatura? Cada caso de escravatura sexual envolve muitos crimes — fraude, rapto, assalto, violação, por vezes assassínio. Esses crimes não são raros nem ocasionais; são sistemáticos e repetidos nos bordéis centenas de vezes por mês. Mas aqueles que detêm o poder para acabar com esse horror ajudam-no, pelo contrário, a crescer cada vez mais no muito lucrativo mundo do escravocrata moderno.

Corpos descartáveis


As raparigas são tão baratas que há pouca razão para cuidar delas a longo prazo. Os gastos em cuidados médicos ou em prevenção são raros nos bordéis, dado que a vida trabalho das raparigas escravizadas, por dívida, é bastante curta — entre dois e cinco anos. Depois disso, a maior parte do lucro já foi extraído da rapariga e é mais proveitoso, do ponto de vista dos custos, descartar-se dela e substituí-la por outra fresca. Nenhum bordel quer aceitar a responsabilidade por uma rapariga doente ou moribunda.
As prostitutas escravizadas nos bordéis enfrentam duas grandes ameaças à sua saúde física e às suas vidas: a violência e a doença. A violência — a sua escravização imposta pela violação, os espancamentos ou ameaças — está sempre presente. Essa é a introdução típica ao seu novo estatuto como escravas sexuais. Praticamente todas as raparigas entrevistadas repetiam a mesma história: depois de serem levadas para o bordel ou ao primeiro cliente como virgens, qualquer resistência ou recusa provocava espancamentos e violação. Algumas raparigas dizem terem sido drogadas e depois atacadas; outras dizem terem sido submetidas sob ameaça de arma. A aplicação imediata e vigorosa do terror é o primeiro passo na escravização triunfante. Horas depois de terem sido trazidas para o bordel, as raparigas estão a sofrer e em estado de choque. Como outras vítimas da tortura, elas ficam muitas vezes entorpecidas, paralisadas nos espíritos, se não nos corpos. Para as raparigas mais novas, com pouca compreensão daqui­lo que lhes está a acontecer, o trauma é arrasador. Quebradas e traídas, em muitos casos têm pouca memória daquilo que lhes aconteceu.
Depois do primeiro ataque, a rapariga fica com pouca resistência, mas a violência não acaba. No bordel, a violência e o terror são os árbitros finais de todas as questões. Não há argumento nem apelo. Um cliente infeliz traz um espancamento, um cliente sádico traz mais dor; para intimidá-las e defraudá-las mais facilmente, o proxeneta faz cair o terror a esmo sobre as prostitutas. As raparigas devem fazer tudo o que ele quer para evitar espancamentos. Fugir é impossível. Uma rapariga contou que quando foi apanhada a tentar fugir, o proxeneta espancou-a e depois levou-a para a sala; com dois ajudantes, espancou-a outra vez diante de todas as raparigas do bordel. Depois disso, ela foi encerrada num quarto durante três dias e três noites sem comida nem água. Quando a soltaram puseram-na imediatamente a trabalhar. Duas outras que tentaram fugir disseram terem sido desnudadas e chicoteadas com cabos de aço pelos proxenetas. Os polícias servem de caçadores de escravos sempre que uma rapariga foge; depois de capturadas, as raparigas são muitas vezes espancadas ou violadas na esquadra da polícia antes de serem devolvidas ao bordel. Para a maioria das raparigas, depressa se torna evidente que nunca conseguirão fugir, que a sua única esperança de libertação é agradarem ao proxeneta e de algum modo liquidarem a sua dívida.
Com o tempo, a confusão e a descrença diluem-se, deixando o pavor, a resignação e um corte da ligação entre a mente e o corpo. Agora a rapariga faz tudo o que seja preciso para reduzir o sofrimento, para se ajustar mentalmente a uma vida que significa ser usada por quinze homens por dia. A reacção a esse abuso assume muitas formas: letargia, agressão, auto-aversão e tentativas de suicídio, confusão, auto-flagelação, depressão, psicoses e alucinações. As raparigas que foram libertadas e colocadas sob protecção sofrem de tudo isso. Os funcionários da recuperação indicam que as raparigas sofrem de instabilidade emocional; são incapazes de confiar ou criar amizades, de se reajustarem ao mundo fora do bordel, ou de aprender e desenvolver-se normalmente. Infelizmente, o aconselhamento psicológico é virtualmente desconhecido na Tailândia, e há uma forte pressão cultural para manter ocultos quaisquer problemas mentais, e pouco trabalho terapêutico se faz com as raparigas libertas dos bordéis. Não se conhece o impacte a longo prazo desta experiência.
É possível traçar um quadro mais nítido das doenças físicas que as raparigas acumulam. Há muitas doenças de transmissão sexual, e as prostitutas contraem a maior parte dessas doenças. As infecções múltiplas reduzem o sistema imunitário e tornam mais fácil a instalação das infecções. Se a doença afecta a sua capacidade para praticar sexo, pode ser tratada, mas as doenças crónicas sérias são muitas vezes deixadas sem tratamento. A contracepção também prejudica muitas vezes as raparigas. Alguns escravocratas administram eles próprios pílulas contraceptivas, continuando sem qualquer interrupção e recusando as pílulas placebo mensais. Assim, as raparigas deixam de ter menstruação e trabalham mais noites por mês. Algumas raparigas recebem três ou quatro pílulas contraceptivas por dia; outras recebem injecções de Depo-Provera, dadas pelo proxeneta ou pelo caixa. A mesma agulha pode ser usada para injectá-las a todas, passando o HIV de uma rapariga para as outras. A maior parte das raparigas que engravidam são mandadas abortar. O aborto é ilegal na Tailândia, por isso será uma operação clandestina, com todos os riscos óbvios. Algumas mulheres são deixadas a trabalhar quando estão grávidas, e alguns homens tailandeses gostam de ter sexo com uma mulher grávida. Quando a criança nasce, pode ser tirada e vendida pelo dono do bordel e a mulher voltar ao trabalho.
O HIV/SIDA é epidémico entre as prostitutas escravizadas, o que não surpreende. A Tailândia tem hoje a mais elevada taxa de infecções com HIV em todo o mundo.

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